
São Benedito José Labre, Confessor
16 de Abril
Natural da França, não conseguiu ser religioso, como desejava. Adotou então a condição de mendigo voluntário, e passou a vida em contínua peregrinação a santuários.
Muito cedo começou a mostrar acentuada predileção pelo espírito de mortificação e afastamento dos jogos infantis. Pode-se dizer que, desde o desabrochar da razão, demonstrou o mais vivo horror ao pecado. Mas tudo isso coexistia nele com um comportamento franco e aberto, e com um fundo de alegria que permaneceu inabalável até o fim de sua vida.
Seguindo então uma inspiração, Bento tomou a resolução de ir, como peregrino, aos santuários mais renomados, como os de Roma e de Loreto, a fim de pedir a Deus que o fizesse conhecer sua divina vontade a seu respeito.
De Chieri, no Piemonte, escreveu uma carta a seus pais informando-os de seu projeto de entrar em algum dos muitos mosteiros da Itália.
Entretanto Bento teve outra iluminação interior, que fê-lo compreender por fim o gênero de vida que devia levar: "Era vontade de Deus que ele, como Santo Aleixo, abandonasse seus pais e todo o conforto do mundo, para levar um novo modo de vida, mais doloroso, mais penitencial, não no isolamento nem no claustro, mas no meio do mundo, visitando devotamente, como peregrino, os famosos lugares da devoção cristã". Bento encontrou então a paz de alma que tanto procurara no claustro.
Essa vocação era tão singular, que Bento temeu decidir-se por si só a segui-la. Por isso a submeteu repetidas vezes ao julgamento de confessores experimentados, e só seguiu esse caminho quando aprovado por eles.
Começou então sua gesta de peregrino-mendigo. Vestia um velho casaco, tinha um rosário ao pescoço e outro em uma das mãos, um crucifixo ao peito e uma sacola às costas, na qual carregava um Evangelho, um breviário - que lhe permitia rezar o ofício divino diariamente - uma cópia da Imitação de Cristo e alguns outros livros piedosos. Esse traje, ele não o mudou até o fim de sua vida, 15 anos depois.
Para dormir, tinha o solo; como teto, as estrelas do céu. Alimentava-se só uma vez por dia com um pedaço de pão ou algumas ervas, recebidos em caridade ou obtidos de restos dos outros. Nunca pedia esmolas, mas esperava que voluntariamente lhe fosse dado o que necessitava. Dava aos pobres tudo que sobrava depois de atendidas suas parcas necessidades.
Por devoção a Nossa Senhora, Bento começou sua peregrinação visitando a Santa Casa de Loreto. Foi depois a Assis, onde entrou para a arquiconfraria dita do Santo Cordão. Ficou extasiado em Roma, ao ver imagens de Nossa Senhora em quase todas as fachadas das casas e cruzamentos de ruas. Visitou as basílicas da Cidade Eterna e subiu muitas vezes de joelhos os degraus da Escada Santa. Participou de quase todas as inúmeras devoções e cerimônias das igrejas de Roma.
Bento foi depois aos santuários do Reino de Nápoles, de Bari e Fabriano na Itália; Einsiedeln na Suíça; Compostela na Espanha; e Paray-le-Monial na França.
Rezava frequentemente a oração de Santo Agostinho: "Senhor, fazei com que eu Vos conheça e me conheça: a Vós, para Vos amar; a mim, para me desprezar".
A uma pessoa que lhe pediu um conselho para o futuro, disse: "Cada vez que ouvirdes o relógio, lembrai-vos de que não sois senhor da hora seguinte; e pensai ao mesmo tempo na Paixão que quis sofrer Nosso Senhor, para nos pôr em posse da eternidade".
A vida de Bento José Labre foi escrita por seu confessor, Pe. Marconi, e apresenta 136 curas milagrosas até 6 de julho de 1783, que foram certificadas. Foi beatificado por Pio IX em 1859 e canonizado por Leão XIII em 8 de dezembro de 1881.


Igreja de Santa Maria dei Monti, em Roma, onde o santo está sepultado.