
Beato Anacleto González
1 de Abril
No dia 1º de abril de 1927, o beato Anacleto González Flores selou com seu sangue um testemunho de vida e justiça evangélica. É sem dúvida um dos mais notáveis martires cristeros.
Ele dedicou muitos anos de sua vida à defesa cívica da liberdade, frente a um governo que restringiu o culto público, limitou o número de sacerdotes, impediu-os de usar paramentos litúrgicos nas ruas, suprimiu as ordens religiosas, proibiu o ensino de religião nas escolas e, por fim, suspendeu por completo as celebrações.
Sua ação, organizada e inteligente, era audaz, mas pacífica. Foi fundador da Associação Católica da Juventude Mexicana e da União Popular de Jalisco. Sempre se opôs à realização de uma rebelião armada, de modo que enfrentou a aplicação persecutória da Constituição de 1917 com críticas ferrenhas à ação do governo, manifestações populares, boicotes, pressões diplomáticas e muita oração e penitência.
Esses instrumentos, contudo, não bastaram para frear o governo. Quando então a Liga decidiu apoiar a luta armada, Anacleto teve de sacrificar seu pacifismo em legítima defesa, embora nunca tenha chegado a pegar em armas.
Por seus inúmeros esforços, tornou-se uma figura muito conhecida e muito respeitada entre os cristeros e foi, por isso, capturado e torturado. Diante de seus companheiros, suspenderam-nos pelos polegares das mãos e feriram as solas de seus pés.
Resistindo bravamente o mártir, rasgaram-lhe o corpo e o submeteram a muitas outras torturas. Ao general que comandava a tortura, Anacleto deu-lhe seu perdão, lembrando-lhe que, quando em breve se encontrassem no tribunal divino, o general teria nele um intercessor diante de Deus. O general, contudo, mandou que o atravessassem com uma baioneta.
Seu último grito antes de expirar foi "Pela segunda vez ouçam as Américas este grito: Eu morro, mas Deus nunca morre. Viva Cristo Rei!" Ele se referia às últimas palavras de Gabriel García Moreno, presidente do Equador, ao lhe assassinarem em frente à catedral de Quito.
Nesses dias em que nos vemos privados de participar da celebração da Santa Missa, de nos confessarmos, de sermos atendidos por sacerdotes, peçamos a interecessão do Beato Anacleto.
Que ele intervenha por nós junto a Deus, a fim de que esta privação - que não sabemos ao certo quanto irá durar - não se converta em precedente para que autoridades tirânicas, sob diversos pretextos, nos tirem a liberdade religiosa, a liberdade de associação, a liberdade de consciência, a liberdade de expressão.
Beato Anacleto González Flores, rogai por nós!
